António Soares dos Reis
(1847-1889)
escultor e professor
Estátua da autoria de António
Teixeira Lopes
(Jardim
Soares dos Reis)
Considerado um dos
maiores escultores portugueses do séc. XIX, António Manuel Soares dos Reis
nasceu a 14 de Outubro de 1847, na freguesia de S. Cristóvão de Mafamude, Vila
Nova de Gaia.
Em 1861, com apenas
14 anos, matriculou-se na Academia Portuense de Belas Artes. Durante a frequência do curso
colheu prémios e louvores. Em
poucos anos o curso estava concluído, obtendo o 1º prémio nas cadeiras de
desenho, arquitetura e escultura.
Casa onde viveu
(Rua da Montanha)
Em 1867, com 20 anos
tornou-se pensionista do Estado no estrangeiro, partiu para Paris, onde
frequentou vários atelieres. Também aqui Soares dos Reis alcançou a
classificação de nº 1 do curso. A eclosão da guerra Franco-prussiana obrigou-o
a regressar ao país.
Por instâncias dos
seus professores é enviado para Roma, a fim de completar o período de
pensionato. Soares dos Reis chegou à Cidade Eterna em 1871, e foi aqui que
executou uma das suas obras mais românticas e originais, O Desterrado. Regressa
novamente a Portugal em 1872, é recebido com aplausos e admiração.
Até 1880, o escultor
produz e expõe e é reconhecido pelo seu trabalho.
O nome e a fama do
escultor iam criando sólidas raízes em todo o país e a sua presença era
solicitada para executar vários trabalhos de vulto. Mas a par do reconhecimento
veio a calúnia.
Em 1881 participou na
Exposição Geral de Belas Artes de Madrid com O Desterrado, recebendo o 1º
prémio. Foi então que o escultor foi acusado de não ser o verdadeiro autor da
peça. O escândalo e a polémica desencadeada pela publicação de um artigo de
jornal de Lisboa provocaram grande consternação no artista. A partir daqui, o
artista começou a apresentar sintomas de debilidade física. Sofria de
perturbações cerebrais e de irritabilidade que o levaram frequentemente ao
isolamento.
Entretanto, em 1885,
aos 38 anos, decidiu casar-se com Amélia Aguiar de Macedo. Deste casamento
nasceram dois filhos, Raquel e Fernando. Porém, também na vida familiar o
escultor foi infeliz. Aos problemas familiares somaram-se ainda os trabalhos recusados e as calúnias
de que fora alvo, que afectaram substancialmente o seu estado de saúde.
Sentindo-se
incompreendido pelos que o rodeavam, Soares dos Reis decidiu pôr termo à vida. A
16 de Fevereiro de 1889 - suicidou-se no seu atelier com dois tiros de revólver,
deixando escrito numa das paredes, o seguinte: "Sou cristão, porém, nestas condições, a vida para mim é
insuportável. Peço perdão a quem ofendi injustamente, mas não perdoo a quem me
fez mal". Tinha 42 anos.
Era filho de Manuel
Soares Júnior, proprietário de uma tenda de mercearia a retalho, e de sua
mulher Rita do Nascimento de Jesus.
Atelier e local onde se suicidou
(Rua Luís de Camões)
Foi
nesta casa-ofícina – Soares dos Reis sempre se referiu àquele espaço como
oficina e nunca atelier – criou muitas das suas obras, deu aulas de
arqueologia, recebeu os amigos, organizou reuniões para dinamizar a arte e o
seu ensino, dedicou-se à jardinagem – actividade a que devotava grande paixão –
casou, teve filhos, viveu e morreu.
Li aqui.
Texto adaptado para este post.
Algumas das Obras:
O Desterrado (1872); O Artista na Infância (1874); O Conde de Ferreira (1876); O Busto da Inglesa (1877); S. José e S. Joaquim (1880); Flor Agreste (1881); Avelar Brotero (1887); Afonso Henriques (1888).
Na toponímia da cidade: